quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Miniconto - Rotina


Acordou. Levantou. Saiu. Trabalhou. Voltou. Jantou. Dormiu. Levantou. Saiu. Trabalhou. Voltou. Jantou. Dormiu. Acordou. Levantou. Saiu. Trabalhou. Voltou. Jantou. Dormiu. Levantou. Saiu. Trabalhou. Voltou. Jantou. Dormiu. Acordou. Levantou. Saiu. Trabalhou. Voltou. Jantou. Dormiu. Levantou. Saiu. Trabalhou. Voltou. Jantou. Dormiu. Acordou. Levantou. Saiu. Trabalhou. Voltou. Jantou. Dormiu. Levantou. Saiu. Trabalhou. Voltou. Jantou. Dorm...ZzZzZzZzZzZzZzZz

Morreu.

Danilo Moreira


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FOTO: http://programaescoladavida.blogspot.com.br/2010/05/libertar-criatividade-superar-rotina.html

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Amor Animal - A luta pela adoção de cães e gatos


Elas vivem em prol dos animais de estimação. Possuem dois, três, cinco ou mais deles dentro de suas casas. O tamanho do local onde moram não importa, o coração é que tem espaço de sobra para todos. Engajadas na luta pelos direitos dos animais, elas fazem a sua parte, ao lado de amigos e parceiros, retirando-os da rua e de maus tratos e encaminhando-os para adoção.

Gloria Tenório é funcionária pública. Casada, sem filhos, divide espaço em seu apartamento de três dormitórios na região da Consolação, centro de São Paulo, com 8 animais – 4 cachorros e 4 gatos, entre permanentes, em tratamento e aguardando adoção. A iniciativa começou há dois anos: “recebi um email pedindo ajuda para um cachorrinho que tinha ficado paraplégico e que foi atropelado na Rodovia Anchieta, e sugerindo visitas. Consegui dinheiro junto com os amigos e eu resolvi visitá-lo. Lá me informaram que a mesma protetora tinha recolhido outro cachorrinho, que estava perto de morrer. O cão, chamado Toby, já tinha 1 ano de idade e estava com um tumor no focinho. Segundo Gloria, os veterinários davam a ele apenas 3 meses de vida. Comovida, sem falar com o marido, decidiu que cuidaria dele durante esse período. O cão está com ela há 2 anos, num gradual processo de recuperação e tratamento.

Com ele, Gloria começou seu trabalho de busca por adoções, na qual acompanha as protetoras independentes, divulga e participa de campanhas e abrigos. “O Toby é muito arteiro, não muito sociável com outros cachorros, mas é engraçado que é só com os cães que tem dono. Quando levo algum novo animal abandonado em casa ele acolhe normalmente. [...] No final do ano retrasado, apareceu a Mel. Ela estava com várias lesões no corpo compatíveis com um provável arremesso de um carro em movimento. Ela tornou uma companheira e um equilíbrio emocional para o Toby e acabou ficando.” Ela já tinha duas cadelas antes de entrar no engajamento pela adoção. Já o abrigo de gatos, ela começou a partir de um resgate de uma gata e seus cinco filhotes, tendo sido 3 deles já adotados. Todos recebem tratamento de um veterinário, e dependendo do dia, enquanto Gloria e o marido saem para trabalhar, eles ficam num hotel para animais domésticos.

Para ela, o motivo principal para ainda existirem maus tratos aos cães e gatos se dá pelo fato que o ser humano se achar superior por ser racional, e por isso, não se imagina em seu papel biológico dentro de um sistema. Com isso, o animal, dotado de uma afetividade e amor incondicional, é o que sofre mais. “Quando você se coloca no lugar do outro, a primeira coisa que vai passar pela sua cabeça é que vai querer ser bem tratado. Quem não faz esse exercício diário com o próximo também não vai conseguir respeitar o animal.” Ela acredita que os maus tratos acontecem mais nos bairros periféricos.

Na opinião de Gloria, as redes sociais são uma vitrine para trazer à tona essas histórias que costumam ficar escondidas. Sempre que pode, anuncia fotos de animais para adoção. Ela mantém uma rede de contatos com amigos, inclusive veterinários, que também lutam pela adoção de animais, dentro e fora da internet. Após o animal ser adotado, Gloria continua mantendo contato com os adotantes, se colocando a disposição para auxiliá-los e até para receber os cães e gatos de volta, caso eles não consigam se adaptar ou seus donos desistam de cuidar deles.

Giselle Sarbouck é outra grande ativista em prol à defesa dos animais. Moradora da região do ABC, mantém em sua casa atualmente 10 animais – 8 cães e 2 gatas. Seu perfil no Facebook é dedicado exclusivamente à divulgação de animais para adoção. Antes de dar a entrevista, a moça havia acabado de chegar da cidade de Santos após levar um animal para uma adotante.

Ela fala da satisfação que sente ao atuar em prol dos direitos dos bichos: “eles dão vida à casa e sabem agradecer dia após dia pelo lar que possuem. A vida não teria graça sem eles, a dedicação vai além de ter uma casa. Eles precisam de passeios diários, boa alimentação, limites, companhia e acompanhamento veterinário. Isso que não é tão simples quando não se tem alguém para saber sobre os custos e o trabalho que geram... É uma responsabilidade muito grande, porém, gratificante.”
Para ela, os principais motivos de maus tratos se dão pelo fato da desestrutura das próprias famílias. “Ao menos com alguns casos que trabalhei, ficou nítido que ocorreram por pessoas de famílias desestruturadas, se é que em alguns casos eu posso efetivamente dizer que havia uma ‘família’ ali”, explica.

O trabalho de Giselle também é focado nos animais vítimas de maus tratos. Ela deixa bem claro que somente resgata aqueles que estão de fato em situação de perigo, ou seja, que necessitam de cuidados de um veterinário. Eles são vacinados, castrados, recebem um chip de identificação e são encaminhados para hotéis de sua confiança. A partir daí, ela inicia um processo de divulgação para que eles logo obtenham um lar de acordo com o seu perfil. Após o interesse de uma família, é firmado um acordo entre ela e os adotantes por meio do preenchimento de um termo.

Assim como Gloria, Giselle não deixa de acompanhar o animal após sua adoção. Ela mantém contato com as famílias adotantes e de um adestrador para lhe dar orientações. “A tendência de humanizar animais tem estragado e muito a relação dos animais com as pessoas, e por vezes podem ocorrer devoluções, gerando um trauma maior para o animal.”, conta.

Giselle, assim como Gloria, acredita que o poder público ainda não investiu adequadamente para evitar os maus tratos aos animais. Mas ela aponta medidas importantes já tomadas. “A criação de delegacia voltada para casos de maus-tratos aos animais é um grande passo. [...] O projeto de Lei para aumento de pena de maus-tratos aos animais no Código Penal já seria um grande avanço e espero que realmente seja aprovado. De fato observa-se que estamos caminhando em prol da proteção à vida animal, porém, há um grande caminho pela frente até que as medidas atinjam a eficácia no dia-a-dia”

Mesmo com um grande poder das redes sociais em provocar a comoção das pessoas perante a situação dos animais, Giselle afirma que ainda é pouco. “uma parte da população ainda chega a dar risada quando encontram pessoas que avisam que vão denunciar alguém por maus-tratos.”

O amor por animais de estimação é algo incondicional e que traz benefícios às pessoas. Para Giselle, os bichos possuem uma energia revitalizante: “não é a toa que usam cães em terapias com crianças, idosos e deficientes. Uma criança que tem um animalzinho desde pequena já aprende sobre respeito, limites, responsabilidades e amor incondicional. Giselle chega a dizer que uma casa sem animal sequer é um “lar doce lar”.

Gloria e Giselle são dois casos de vidas dedicadas e movidas pelo amor aos animais. São pessoas simples, anônimas, que fazem um trabalho que demanda tempo, cuidado, paciência e que só têm lhes trazido orgulho. Os bichinhos agradecem.

Danilo Moreira
Escrito em junho de 2012 para a disciplina de Jornalismo Literário

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Foto: http://www.adshopping.com.br/acontece.asp?id=188&ano=2011&mes=10
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