domingo, 13 de março de 2011

Ponto News, Ponto Três Recomenda e Agenda Ponto Três


Olá!

Sempre aprendemos algo em nossas vidas. Mas, esse aprendizado só será mesmo efetivado quando o colocamos em prática.

E por isso, este estudante de Jornalismo que lhe fala anuncia, que a partir de agora, o Ponto Três entrará numa nova fase.

Um pacote de sessões passará aos poucos a fazer parte do conteúdo. Todos eles voltados para notícias e recomendações.

Segue as novas sessões:

Ponto News

Um punhado de noticias para mantê-lo bem informado. Aqui serão notas de manchetes extraídas dos principais sites do país, com link direto para eles caso deseje maior aprofundamento.

Ponto Três Recomenda

Indicações de livros, sites, exposições, peças de teatro, atrações da TV, etc.

Agenda Ponto Três

Principais eventos do mês, na música, no cinema, no teatro, etc.


Convém sempre lembrar que este é um blog de variedades, que cada vez mais oscilam entre textos literários e jornalísticos.

Vamos ver se dará certo. Conto com você leitor para opinar, apreciar, e criticar os conteúdos que virão daqui para frente. Não vou prometer datas para postagem, pois, a minha rotina anda passando por algumas transformações importantes, e por isso, não sei ainda como ficará. Mas, dentro disso tudo farei o possível para manter o blog atualizado, tanto nestas quanto nas seções mais antigas.

Tenha uma ótima semana!

Até mais!

Danilo Moreira

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FOTO: http://convictosoualienados.blogspot.com/2008/08/nova-semente.html

terça-feira, 8 de março de 2011

Homem é tudo bobo...


Enxugou os seus olhos. Estava chorando por causa do filme que tinham acabado de assistir, no cinema da cidade. Caminhando pela rua já à noite, Cleiton abraçava a esposa com toda a proteção e cuidado que um homem poderia oferecer a uma mulher. E ele ria dentro de si mesmo: “Como essas mulheres são frouxas”.

- Ai Cleiton, já pensou? Coitado daquele menino! Assassinado daquele jeito pelo padrasto! Ai, só de pensar que isso acontece tanto por ai eu até fico...

- Eu sei, amor. Mas ali é só filme. Você não precisa ficar assim. É tudo mentira.

- Ai eu sei, amor. Mas parece tão real... Dá dó do menino...

- Olha, que tal irmos tomar um sorvete, hein? Assim você relaxa, e esquece isso.

- Acho melhor não. Já está tarde, é melhor voltarmos para casa. Amanhã preciso acordar cedo. Deixemos para outro dia.

- Tem certeza?

- Absoluta. E até já me sinto melhor. O filme é ótimo, mas foi só aquela cena do menino que me deixou impressionada.

- Mas relaxa. Está tudo bem. Vamos então para casa.

Chegando lá, Irene foi direto para o banheiro tomar um banho. Cleiton foi para o quarto do casal, já arrumar a cama para dormirem.

Sentou-se na cama. Riu sozinho. Como mulher se impressionava fácil com as coisas! Se lembrou do velho clichê “mulher, sexo frágil”. Cleiton sabia que esse bordão, na verdade, era piada, mas em matéria de emoções, talvez, elas realmente fossem mais vulneráveis. Irene chorava em vários filmes. Já Cleiton, homem criado para não chorar, mantinha-se intacto. Em certos momentos, era difícil se manter assim, sem derrubar nenhuma lágrima, mesmo comovido por dentro. Querendo ou não, ele também tinha sentimentos, e estes, quando vem, não pedem licença, já aparecem de surpresa. Mesmo assim, Cleiton se sentia na obrigação de manter-se firme, principalmente ao lado da esposa, pois quando esta quisesse chorar, ele estaria lá, pronto para ampará-la, assim como seu pai fazia com a sua mãe.

- É... mulher gosta mesmo é de um homem para se sentir protegida. Que mal tinha ver uma cena de filme onde de uma criança, um ator-mirim, sendo espancada e morta pelo padrasto, que também é um simples ator? É só um filme de suspense, nada de mais! O garoto está por aí, vivo, famoso, ganhando dinheiro com o espanto e as lágrimas de mulheres como ela. E ela aqui, chorando por ele. Tudo bem que infelizmente essas mortes covardes acontecem...

E então, nesse momento, seu semblante mudou. Ficara sério. Do fundo de sua memória, uma história dos seus tempos de infância veio de repente bem na frente dos seus olhos, dominando, em poucos minutos, todo aquele quarto:

- ... Nossa, me lembro como se fosse hoje! Eu, criança, brincando com o Caio, meu grande amigo de infância. A gente empinando pipa até altas horas... Aquela voz grossa e bruta o chamando para entrar... Ele pálido, olhando pra mim e dizendo que não queria ir... Aquele braço grosso, peludo, aquele cheiro de cachaça, surgindo e arrancando ele da minha frente... Aqueles gritos... Aqueles socos... Aqueles chutes... Aquele mão apertando a garganta dele... Para quê fazer aquilo com o moleque, meu Deus? Ele era só uma criança... Uma criança que morreu de tanto apanhar... De tanto apanhar... E eu não pude fazer nada para ajudar o meu amigo! Velho desgraçado! Aquele brutamontes deveria ter sido pego de surra... Se eu fosse maior... Nem preso aquele filho-da-mãe foi... Pobre Caio! Tenho certeza que de onde quer que você esteja, deve estar olhando por mim. Ah, Caio...

Irene saiu do banho. Estava mais tranqüila. Riu sozinha do seu choro por causa de um simples filme de suspense. “Como eu sou besta”, pensava. Vestiu-se, pegou a toalha e foi para o quarto. Chegando lá, parou, e olhou para a cama do casal.

- O que foi, querido?

E Cleiton estava sentado no pé da cama, com o olhar distante, encolhido e com a cabeça nos joelhos, com lágrimas escorrendo dos olhos. Ao ver a esposa, virou a cabeça para o lado, se enxugou com o braço, e tentou disfarçar.

- Não foi nada. Só estou com muito sono.
Irene sorriu. Ela conhecia bem o marido que tinha. Sentou ao seu lado, pegou a sua cabeça, e delicadamente, o deitou em seu colo.

- Homem é tudo bobo. Tenta dar uma de durão, disfarçar que não está bem, mas quando uma mulher o ama, jamais consegue enganá-la... Me fala o que aconteceu, vai.

Ele sorriu. No que adiantava enganá-la? Saber quando um homem não está bem... Nisso, realmente, elas eram craques. Contou a dor que carregava dentro de si há tantos anos. Irene o ouviu, palavra por palavra, com os olhos bem atentos, acariciando o peito dele. Abraçou-o com toda a delicadeza e cuidado. Minutos depois, Cleiton já dormia confortavelmente em seu colo, tão frágil como uma criança, tão amado quanto um filho, e tão bobo quanto um homem.

Danilo Moreira
© 2011

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FOTO: http://plumuarte.blogspot.com/2011/01/quando-um-homem-chora.html
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