segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Do lado de fora



Olá leitor!

Peço desculpas pela ausência. Para tentar me redimir, quis fazer algo diferente neste Natal (ou pós-Natal rsrs). 

Espero que goste. E um Feliz Natal atrasado pra você e pra toda a sua família!
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- E aí, jovem! O que está fazendo aqui, nesse banco da praça, à essa hora da noite?

- Nada.

- É Natal. Você não deveria estar na sua casa com a sua família?

- Deveria. Mas não quero. To bem aqui.

- Brigou com alguém?

- Não.

- Então?

- To cansado daquela hipocrisia toda. Todo ano chega a Tia Lúcia, com aquele sorriso no rosto, aqueles primos todos. Chega também a Tia Maria, com aquele marido dela com cara de pinguço e poucos amigos. Chega a prima Raquel, com aquela cara de paisagem. Todo mundo se junta ali, mas nas costas, é um falando mal do outro. Tenho certeza que mais uma vez vai ter algum barraco, como sempre aconteceu nos outros natais, porque sempre alguém não se bica com alguém. É uma coisa ridícula essa reunião de natal. Todo mundo se odeia ali. O povo de mata de comprar presentes pra depois ficar falando mal do que recebeu.

- Entendi. Engraçado, você, que parece ser tão jovem, e já pensando assim.

- Ah, no fundo todo mundo pensa, só que a maioria não quer dizer pra não ficar chato.

- Entendi. E o que vai fazer aqui fora?

- Sei lá. Vou ficar aqui. Queria beber alguma coisa agora, mas sei lá, to meio deprimido, acho que vou acabar fazendo merda se beber... E você, tá fazendo o que, aqui?

- Digamos que eu já fiz merda...

- Fez? Pode contar?

- ... Sei lá... Pior que eu preciso contar isso pra alguém senão eu vou ficar louco...

- Bom, se quiser falar...

- Bem... Vamos lá... Eu tava jogando sinuca com alguns amigos num boteco aqui perto. Só que aí eu cheguei em casa, tava lá a minha mulher, toda descabelada, no meio das panelas, fazendo a ceia, e os meus dois filhos brincando... Me deu um aperto, sabe? Nunca senti isso antes, mas hoje, sei lá... Acho que deveria estar mais com eles...

- Verdade. Mas então porque não está lá agora?

- A família dela está lá. E não gosto deles. Já me desentendi com um cunhado. Ele trai a mulher dele e quer se fazer de moralista pra cima de mim. A gente brigou e tudo. Pra evitar mais confusão eu preferi sair.

- Vixe... que chato. Mas sei lá, é a sua família, você tinha que estar lá com eles também. Porque não vai lá e conversa com a tua mulher? Diz que a ama, sei lá. Não vale a pena continuar aqui, nessa agonia.

- É, tem razão... E você, porque não vai pra sua casa? Se o seu problema é só com os parentes, é só ficar no seu canto, numa boa. Faz parte da vida ter parentes assim.

- É... tem razão.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, olhando para o chão.

- Engraçado, né? A gente reclama das nossas famílias e tal... Mas sei lá, às vezes eu paro pra pensar, o que seria de mim sem eles? Sem a minha mulher, sem os meus filhos... Tipo, eles fazem parte de mim, são a minha razão de dever, mesmo que me irritem às vezes, mas os amo...

- É, eu também sou assim. Já quis muitas vezes sumir daquela casa, mas sei lá, eu também não sei se conseguiria viver muito tempo sem os meus pais e os meus irmãos por perto... É uma base, se faltar, não sei se agüentaria...

O outro rapaz ia falar, mas, sua voz foi interrompida por um som de sino.

- É meia noite. Feliz Natal, garoto.

- Feliz Natal pra você também!

Os dois se abraçaram, apertadamente.

- Bom, melhor eu ir. Minha mulher já deve estar me procurando.

- É. Já eu, tenho certeza que meus pais não estão nem se lembrando de mim agora com aquela gente toda lá, mas mesmo assim, eu sei que eles estão precisando de uma força. Quero estar lá pra ajudar pelo menos pra evitar confusão.

Ambos abriram um sorriso, o rapaz, e o adolescente. Se despediram com um olhar de gratidão. Talvez o Natal devia ser aquilo: perceber o real valor das pessoas que amavam.

E cada um foi para seu canto, mesmo com idades e experiências diferentes, mas com o mesmo sorriso no rosto. Aquele Natal, finalmente, faria algum sentido para eles naquela noite.

Danilo Moreira

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FOTO: http://imaginemeandyouforever.blogspot.com/2011/01/as-sombras-de-uma-conversa.html

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Miniconto - Educação Física


Era aula de Educação Física. O garoto era ruim de futebol. Outra vez a tortura. Todos escolheram a todos, menos ele. Foi colocado em um grupo aleatório. Todos torceram o nariz. Ninguém lhe passou a bola. Fim do jogo, ele desistiu. Sentou em um canto. Ficou por lá algum tempo.

O garoto abraçou os joelhos, e fechou os olhos. Queria se desintegrar dali, desaparecer. Aquele não era o seu mundo. Não era a sua cara. Ele não precisava passar por aquele exercício semanal de exclusão. Nessa hora, ele odiava, do fundo da sua alma, todos os outros.

Tomou um susto. Sentiu um vento do seu lado. O menino, que sentou ao seu lado, também estava cabisbaixo. Ficou surpreso.

- O que foi?

- Nada. É que não consegui fazer nenhum gol. Chutei seis vezes e acertei todas na trave. Fico puto quando acontece isso.

Não falou mais nada. O garoto chegou mais próximo dele. Ambos ficaram calados. Ficaram ao lado do outro, olhando para o nada.

E o garoto sentiu a mão do menino nas suas costas.

- Quer saber? Vamos jogar volei? Vou pegar uma bola pra gente.

Ele sorriu. O ódio que sentia por todos, evaporou.

Nada como uma boa companhia.

Danilo Moreira

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Vinte e seis


Neste ano tinha prometido fazer diferente. Ia escrever um dia antes do meu aniversário, que foi no dia 05. Mas, a dispersão, a falta de inspiração e o sono peculiar de quem estudam e fazem estágio novamente adiaram os meus planos.

Sigo em frente com um pequeno retrovisor nos olhos da alma. Presente, passado e futuro brigam o tempo todo num só palco. O Passado age como um dedo indicador o tempo todo me apontando pelos meus erros, e talvez, por não ter errado mais. A outra mão, mais baixa, me parabeniza pelas vitórias que consegui. O Presente me contempla, afinal, finalmente larguei o telemarketing, estou estagiando na minha área de Jornalismo e ainda na maior Casa Legislativa do país. Já registrei boa parte dos meus contos e crônicas, e já estou no start para divulgá-los. Sou mais eu, faço os meus passos, pago minhas contas, tenho mais liberdade. O Futuro me cobra. Pesa. Exige. Parece que nunca estou à altura dele. Acho que nunca vou estar. Sempre vou sentir que falta de alguma coisa, ou, que permanecerei a uma velocidade sempre menor que a dos outros.

Queria apenas agradecer a todos pelo carinho, pelos presentes, pela surpresa do pessoal do estágio, pelo excelente churrasco montado pela galera da faculdade com direito a bolo e tudo. Como é bom estar ao lado de quem a gente ama, fazer bagunça com os amigos, dividir momentos especiais com quem realmente vale a pena. Feliz é o ser humano que pode ter esses momentos especiais.

Até à próxima!

Danilo Moreira

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Miniconto - Ela


Ela veio de vez. Entrou na minha vida com a velocidade de um furacão. Seus olhos me enlaçaram. Fui jogado entre pernas, beijos, suor, prazer e orgasmos. Ela dominou a mente. Pernas e mãos se deslocaram para um só ponto. Me levou para os seus caminhos. Dominou a minha alma. Me levou à loucura.

O relógio tocou. Os meus olhos foram abertos pela realidade. O destino me colocou na frente dela. O silêncio dos adolescentes tímidos fechou a minha boca. A alma gritou de lá de dentro. Comecei a suar frio. Os olhos dela pareciam normais. E de repente, senti que o pó debaixo do meu tênis possuía mais visibilidade que o meu coração.

E ela ficou com o cara do Vectra.

Danilo Moreira

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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Delírio - Descontrole


Caminhando alucinado [acorda!] pelo asfalto rachado da minha consciência eu peço pelo amor de [vai trabalhar!] Deus me perdoe pelos meus atos [pague essas contas!] mas preciso parar de pensar tantas coisas ao mesmo tempo por que preciso respirar preciso tomar [atende o telefone!] ar preciso tomar fôlego preciso plantar novas sementes respirar novos ares [presta atenção no que eu estou te falando!] poder ficar descalço sem ter medo de sujar os pés poder gritar a vontade [cala a boca!] sem ter medo de represálias andar de peito nu para o vento que sopra no [oLHA OS COMPROMISSOS!] tempo sem precisar me preocupar eu sou besta [NÃO PODE!] eu me sinto besta eu preciso abrir a cabeça preciso parar de respirar esse  [não vai dar tempo, fica para amanhã!] bafo envelhecido de saudades e cotidianidades preciso botar para fora o coração que bate cheio de desejos preciso correr para [hora de dormir!] o alto da escada preciso esticar as pernas preciso esticar os braços [hora de dormir. Acordar cedo amanhã!] preciso esticar a língua preciso esticar o...
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A martelada do sono dos cansados é o remédio que alivia os sintomas por algumas horas.
Mas, amanhã, começa tudo de novo...
Tenha um bom dia!

Danilo Moreira
fevereiro de 2011

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sob a lua...


A sua voz penetra pelos meus ouvidos.
Ouço uma harpa conduzida por um anjo.
Vejo meu corpo inteiro virando-se para seu corpo.
E o meu ego ajoelhado aos seus pés.

Excito-me com o pronunciar das suas palavras doces.
Imagino-me na sua frente com a face dos desejos escondidos.
O desejo de te agarrar parece maior do que a quantidade dos meus braços.
A saliva da minha boca escorre com vontade de banhar a sua língua.
Vejo a lua agindo como madrinha da união de nossos corpos,
E o vento como padrinho do balançar dos nossos dotes.
Mordemo-nos como animais sedentos da carne.
Chupamos os doces salgados que cada um tem a oferecer.
Cheiramos a perfume azedo que vem das fontes dos nossos calores.

Nossas almas sentem o terremoto provocado pelos epicentros excitados,
Cuja chama explode com o pulsar dos nossos corações acelerados.
Trocamos de posições com a velocidade que as nuvens mudam de formato.
Chovemos suor em meio aos sons de quem está com os movimentos descontrolados.

E de repente nossas fontes se forçam com a loucura do instinto,
Até que vejo jorrar o branco da lua amaciando as suas curvas.
Num calor frenético que faz da lua um rio moldado pela língua,
E o seu corpo, natural, fica banhado com o manto do meu desejo.

Durma bem, meu anjo, que continuarei sonhando com o dia que farei parte dos seus sonhos.

E dividiremos, ainda, o mesmo suor.

Danilo Moreira

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FOTO: http://cineletras-online.blogspot.com/2011/02/o-corpo-os-corpos.html

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ponto Retrô - Programa Livre (Anos 90)



Olá, leitor!

De volta, o Ponto Retrô! Para quem não conhece, é uma sessão que trata de antigas atrações, principalmente da televisão e que fizeram história.

O programa de hoje é um verdadeiro símbolo da juventude dos anos 1990. É até hoje lembrado como uma grande referência quando o assunto é entretenimento para essa faixa etária. Comandado por Serginho Groisman, o Programa Livre é a nossa atração de hoje. Segundo o Wikipedia, a estréia ocorreu em agosto de 1991, como parte das comemorações dos 10 anos do SBT. Serginho chegou a sugerir a Silvio Santos para que se chamasse de “Fala, garoto”, mas: “Ele falou: ‘não! Vai ser Força. Jovem’. E eu disse que parecia torcida organizada. Daí lembrei que, quando eu ia ao cinema, por causa da censura, tinha um selo antes de começar o filme escrito “Programa Livre”. Dei esse nome por causa disso. E o ‘Fala, Garoto’, o Silvio sabiamente pegou e registrou para o SBT. Nunca poderei ter um programa com esse nome”, contou o apresentador, em entrevista à sessão Gente do site IG, em fevereiro deste ano.

Logo, o Programa Livre se tornou febre nas tardes da semana. Uma marca do programa eram as legendas enormes e multicoloridas, que mudavam de cor o tempo todo como um pisca-pisca, um recurso até então inédito em atrações da emissora. Além disso, bonecos animados eram colocados enquanto as bandas se apresentavam, além de efeitos de chuviscos em suas roupas. O programa contava com vários quadros, entre eles, gincanas, e promoções inusitadas (como a de quem tivesse o tênis mais surrado jogava-os para o apresentador e ganhava um produto).

Entrevistas memoráveis


Mas, com certeza o que de fato marcou o Programa Livre foram as entrevistas e apresentações musicais. Bandas e cantores que fizeram história na música nacional e internacional passaram por lá. Legião Urbana, Mamonas Assassinas, Chico Buarque, Tim Maia, Scorpions, Kiss, Alanis Morissette, entre outros, fizeram participações memoráveis, intercaladas com entrevistas interativas com o público. Atores e atrizes mundialmente conhecidos, como Sandra Bullock, também marcaram presença. Outras celebridades mais inusitadas, como Inri Cristo, também participaram do programa. Para fazer as perguntas, bastava um jovem levantar a mão, o apresentador lhe passava o microfone, acompanhado de um “Fala, garoto (a)!”, famoso bordão que se tornou sua marca registrada.

Momentos inusitados também marcaram aquele palco. Segundo o site SBT World, em uma participação da cantora e atriz mexicana Thalia, um garoto perguntou se ela realmente havia tirado uma costela para ficar mais magra. Thalia não respondeu, pediu que o jovem descesse da platéia, levantou os braços e convidou-o a apalpá-la para ele mesmo tirar as suas conclusões. Era muito comum surgirem perguntas que deixassem os entrevistados na saia justa (ou até mesmo quem perguntou), isso quando nesse meio não rolavam cantadas (na maioria, baratas), tanto por parte da platéia como até mesmo do entrevistado, normalmente em tom de brincadeira. Assuntos como sexualidade, drogas, e outros temas polêmicos também eram discutidos e com participação de especialistas.

Herdeiro e antecessor


Não é a primeira vez que Serginho tem esse tipo de experiência com o público jovem. Ela vem dos tempos em que comandou o Matéria Prima (inicialmente no rádio, que depois foi para a Tv Cultura, no final dos anos 80), que seguia a mesma linha.

Em 2001, Serginho foi para a Tv Globo, onde lá, começou a apresentar o Altas Horas, considerado herdeiro do programa, com algumas modificações, principalmente no horário, sendo exibido nas madrugadas de sábado. A atração está no ar até hoje, assim como em alguns momentos, o velho bordão “Fala, garoto”. Apesar de manter bons índices no horário, a atração nem de longe tem a repercussão propagada pelo seu antecessor.

Os últimos dias do Programa Livre, antes de ser extinto no mesmo ano, contou com o revezamento de vários apresentadores, dentre eles, Cristina Rocha, Márcia Goldschmidt, e Ney Gonçalves Dias, segundo o Wikipedia.

Respeito à inteligência do jovem

Quantas atrações você mesmo já viu que mostram jovens como sujeitos que fazem de tudo, menos algo de útil? Futilidades, casos inusitados, infantilidades e estereótipos, lamentavelmente são comuns em atrações destinadas à esse público. O Programa Livre era um oásis dentro desse cenário. Era bacana ver a juventude da época (lembrando que estamos falando dos anos 90 – onde acesso à Internet e à informação era bem mais limitada), discutindo sobre assuntos adultos e dialogando com artistas e especialistas. Ele realmente se tornou uma representação de seu tempo. Felizmente, Serginho, nos seus atuais 61 anos, continua na ativa e investindo nesse formato, ainda que em outra faixa de horário e em outros tempos (hoje, no Altas Horas, rola até mesmo perguntas via Webcam de gente espalhada pelo mundo). Outros programas com formato um pouco parecido, como “Ao Ponto” (Tv Cultura), comandado pelo psiquiatra Jairo Bauer, também promove esses debates. É uma questão de respeito com um público que mais do que nunca está informado, e ainda que haja várias criticas à essa geração, eles (estou ficando velho, não me incluo mais nessa faixa rs) ainda tem muito que dizer.



Para matar a saudade, veja a vinheta de abertura do Programa Livre:


Isso é tudo. Até a próxima sessão Ponto Retrô!

Danilo Moreira



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FONTES:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_Livre
http://nostalgics.wordpress.com/2011/02/09/programa-livre/
http://www.jornalnh.com.br/blogs/parabolica/310551/la-dos-anos-90-programa-livre.html
http://gente.ig.com.br/serginho+groisman+aposentar+e+uma+coisa+inimaginavel/n1238084866047.html
http://www.tvediversao.com/2010/12/bau-do-esquecimento-relembre-o-programa.html
http://www.sbtworld.com.br/2010/10/coluna-reviver-programa-livre.html

FOTOS:

http://tvcontacto.wordpress.com/2009/05/10/programa-livre-pode-voltar-em-julho/
http://assuntoemquestao.wordpress.com/2011/01/23/vida-inteligente-na-madrugada/
http://telespectados.blogspot.com/2011/01/programa-livre-da-disputa-por-audiencia.html
http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL389116-9798,00SERGINHO+GROISMAN+ESTREIA+NOVO+CENARIO+DO+ALTAS+HORAS.html

domingo, 5 de junho de 2011

Reportagem - A Trilha das Artes

Que tal acompanhá-los?

Olá leitor!

Primeiramente, peço desculpas pela demora em postar. Com o tempo escasso, o blog realmente ficou um pouco “de lado”.

Pois bem, agora, para tirar o mofo, trago hoje outra matéria interessante que também produzi para um trabalho da disciplina de Jornalismo Cultural, que foi entregue há poucos dias. A idéia era cobrir uma das atrações na Virada Cultural paulistana, realizada entre os dias 16 e 17 de abril deste ano, em vários pontos da cidade. Espero que goste, pois, é uma “viagem” interessante...

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Pessoas ao fundo observam o grupo, curiosas

Eis mais uma Virada Cultural paulistana. O evento, já presente na rotina dos paulistanos há sete anos, tem recebido cada vez mais destaque na mídia. Mostram-se as principalmente as atrações no Centro, cada vez mais lotadas. Mas agora, vamos para 24 km ao sul da cidade. Lá, um grupo de pessoas de várias idades caminha conduzida por dois homens de preto. Um toca uma sanfona. O outro guia os olhos de todos para uma experiência sensorial intensa.

Num mundo onde as pessoas cada vez têm menos tempo até mesmo para respirar, parar por alguns minutos em frente a uma obra de arte e fazer um exercício de interpretação estética é uma atividade rara, e mesmo quando é feita, pode trazer alguns equívocos. É justamente para aprimorar essa experiência que o Sesc Interlagos, localizado no extremo sul de São Paulo, apresentou nesta 7ª edição da Virada Cultural 2011, a Trilha das Artes. Trata-se de um passeio monitorado por várias obras espalhadas pela unidade.


Ao som da sanfona

Márcio e Sâmu, ao lado do quadro "Nu"

Era sábado, 16 de abril, 20 horas. No prédio da sede social, entre várias atrações simultâneas que aconteciam no local, dois homens surgem. Sâmu segura uma sanfona e Márcio exibe um sorriso no rosto, convidando aquele povo que os observava curiosos para acompanhá-los. Começava a Trilha das Artes.

“Hoje a gente vai fazer um percurso para abrir a nossa percepção”, anunciava Márcio. Segundo ele, o SESC possui uma coleção de 1200 preciosidades do chamado Acervo SESC de Arte Brasileira, iniciada há cerca de 60 anos atrás. Por ser grande a quantidade de obras no Interlagos (cerca de 300), veríamos apenas cinco delas.


"Pátio das Américas"

“Nu”, de Carlos Leão (1969), foi a primeira obra visitada. O quadro retrata uma mulher na sua intimidade, seminua, e mostra como durante muito tempo, desde a Grécia Antiga, o corpo feminino é um dos temas preferidos dos autores. Através de cada palavra pronunciada, os rapazes conduziam às pessoas ao processo de contemplação de cada detalhe, dando um tempo para que a imagem pudesse se comunicar com os olhos de todos. Minutos depois, várias pessoas já falavam o que haviam entendido dela. O momento é temperado com um poema de Vinícius de Moraes, chamado “Soneto da Mulher ao Sol”. Tudo para mostrar aos participantes como as diversas formas de arte podem dialogar entre si.

Dali, a Trilha seguiu para fora do prédio. Márcio distribuiu algumas lanternas para as crianças, adiantando que em certo momento do caminho, elas seriam essenciais. Na grama, passamos pelo “Pátio das Américas” (2005), obra em espiral feita em granito por Denise Millan e Ary Perez, e outra produção dos mesmos autores, cujo nome não foi dito, mas que parece um grande tronco amarrado a cordas de bronze. Em ambas, a interpretação dependia do tato.

Contemplando a obra

Descemos algumas escadas. A sanfona de Sâmu abria caminho. Quem via o nosso grupo (que muitas vezes parecia realmente estar em transe) se calava, e passava a nos observar. De certa forma, também nos tornamos uma obra de arte daquela Virada. Nos foi mostrado outra escultura, que era uma pedra esculpida e de onde corria água. Aqui o desafio da interpretação da arte foi bem maior, por ser um local de muito barulho. Márcio algumas vezes teve que gritar para o ouvissem. Não conseguimos nem mesmo identificar o autor da obra.

A partir daqui, a Trilha das Artes tomou uma direção mais profunda. Para ver a última obra, o grupo teve que andar bastante por uma longa rua de paralelepípedos e só parar quando os instrutores pedissem. Aos poucos, o prédio da sede social e as outras atrações da Virada ficaram para trás. O silêncio da noite e os grilos passam a tomar conta do cenário, ainda sob o som da sanfona de Sâmu.

Caminhando em meio ao breu da noite, sob a luz de lanternas

Chegamos enfim a um local escuro, ao lado da quadra de basquete do Sesc. O som agora era de uma flauta. Descemos sob a luz das lanternas que as crianças carregavam. Era também uma instalação. Troncos secos de árvores brotavam de pedras, e formavam um formato circular. Fomos convidados a entrar nela. Mais uma vez, várias interpretações. Nem as teias de aranha atrapalharam a essência do momento. Márcio explicou que ela fora colocada estrategicamente ali, pois, do lado, era a reserva da Mata Atlântica. E ela tinha sido construída por Siron Franco e as crianças do Projeto Curumim. Trava-se de um alerta para a preservação do meio ambiente, além de mostrar que qualquer pessoa poderia produzir arte.

Siron Franco: Arte e consciência ambiental

E por fim, após uma hora e dez minutos de total imersão no mundo das artes, os dois guias se despediram de todos, nos acompanhando de volta à sede social. Cada um que saiu dali teve a certeza de estar mais leve. E eram pessoas simples, boa parte moradoras da região, gente comum do nosso dia a dia. Mas, naquela noite, elas foram capazes de fazer o tempo parar, e passaram a servir exclusivamente à experiência estética proporcionada pelo passeio. Parecíamos ter acordado de um sonho gostoso. Com certeza, pelos sorrisos nos rostos de cada um, aquela trilha realmente seria inesquecível.

Elizabeth Brait é responsável pela programação de teatro, literatura, artes plásticas e visuais da unidade. Segundo ela, a ideia da Trilha surgiu em 2007 pelas mãos de Andrea Fonseca, que é instrutora do Projeto Curumim (programa que atende crianças de 7 à 12 anos com atividades educativas) e especialista em museologia. “Ela considerou importante fazer uma ação de mediação sobre as obras de arte expostas junto ao público frequentador do Sesc Interlagos”, explicou Beth, como é conhecida. Depois de vários ajustes, foi na Virada 2011 que o projeto finalmente foi posto em prática.

Sesc Interlagos na Virada 2011

Entrada do SESC Interlagos

Para quem não conhece, o Sesc Interlagos é um clube campestre de 500.000 m2, ao lado da represa Billings. Inaugurado em 1975, possui uma das maiores áreas verdes de todas as unidades da capital, tendo inclusive uma reserva da Mata Altântica.

“Esse SESC participou pela primeira vez no ano passado. Mas em termos de programação foi bem menos intenso do que agora. Essa unidade é uma das poucas que funciona até a seis da tarde. Foi muito gratificante programarmos tantas coisas para a noite e as pessoas vierem. A idéia da Virada no SESC é de acolhimento às pessoas, das famílias, um lugar de convívio, o que me parece um pouco mais difícil no centro da cidade, até porque por ser um espaço público, o perfil já é outro. E no Cento é muito mais difícil saber qual será a reação das pessoas”, contou Vanderlei Mastropaulo, responsável pela programação de cinema e vídeo, multimídia e circo. Segundo ele, só no dia da Trilha, o SESC recebeu cerca de 5400 pessoas, número que superou as expectativas.

Mas para quem perdeu a Trilha das Artes, fique atento! A unidade estuda promover novas edições da Trilha, até mesmo em épocas fora da Virada. Para mais informações, acesse http://www.sescsp.org.br. O endereço é a Avenida Manuel Alves Soares, 1100, Parque Colonial, perto da estação Primavera-Interlagos da CPTM.

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Este trabalho da Virada Cultural rendeu um fruto importante. Todas as reportagens produzidas pela minha sala estão reunidas neste novo blog. Vale a pena conferir.

Até mais!

Danilo Moreira

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FOTOS: Danilo Moreira

domingo, 24 de abril de 2011

Reportagem - Esses anos 80...

1- Conhece este cidadão?

Olá leitores do Ponto Três!

Hoje irei postar um texto especial. Essa é a minha primeira reportagem, produzida no começo deste mês para um trabalho da faculdade. Poderia ter postado há mais tempo, porém, não tive como. Ela fala de uma exposição que aconteceu entre os dias 18 de março e 10 deste mês num shopping da zona sul de São Paulo. Apesar dessa expo já ter acabado, recomendo a todos que leiam essa matéria, pois, garanto que há muitas curiosidades.

Espero que gostem!

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Um espaço espremido entre dois restaurantes. Um cartaz chama a atenção. Ali é um local especial. É a porta de entrada para um mundo diferente. Tudo que está ali, de certa forma, já fez parte de várias vidas, mesmo que de uma maneira mais distante. Mas quem disse que tudo aquilo que nos faz bem, necessariamente, precisa ficar apenas preso em outros tempos?

2 - A entrada 

Trazer esses bens à tona é a ideia da exposição De volta aos anos 80 no Shopping SP Market, na zona sul de São Paulo. Passar pelos mais de 60 itens deixa qualquer pessoa, seja da geração dos anos 80 ou não, maravilhada e curiosa diante de tantas lembranças e objetos.

A estrutura

3 - A exposição: espaço para circular à vontade

A exposição fica no centro da Praça de Eventos do shopping. Ao fundo, um telão com os principais clipes da época. As bicicletas Monark e Caloi estão em cantos separados com especial destaque, junto com uma bicicleta especial com o ET, personagem do famoso filme de 1982, de Steven Spielberg. Estão à mostra também antigos videogames, como o famoso Atari, junto com cartuchos de sucesso como River Raid, Pac Man, Froggy, entre outros. Os brinquedos, na sua maioria, estão dentro de caixas de vidro. São bonecos, desde Topo Gigio a Mônica e Cebolinha, estes com os antigos traços que faziam parte dos gibis da época. Artigos eletrônicos como fitas cassete e gravadores também causam admiração em quem os observa. “Eu tinha um desse!”, comenta Luana Brito, enfermeira, 23 anos, visitante da exposição, impressionada com o walkman amarelo com toca fitas. Dentre os chamados “bolachões” (discos de vinil), bandas importantes da época como Pet Shop Boys, Culture Club, New Order, Menudo, e bandas nacionais ainda no início de carreira, como RPM, Capital Inicial e Titãs. Há também uma guitarra autografada por Edgard Scandurra (ex-Ira!). Essas e outras atrações estão dispostas em corredores amplos para que as pessoas possam se deslocar e viajar sem precisar esbarrar em ninguém.

Luana comentou sobre o padrão de conservação dos itens. “O que mais chamou atenção foi a conservação de tudo, pois são coisas que já saíram de moda, e por isso, dificilmente as pessoas cuidam depois.”

Preservação da memória: a Lupa Expo

4 - Lu Zimmermann e Patricia de Alencar.

Foi graças ao trabalho da Lupa Expo, administrada por Lu Tanese Zimmermann e Patrícia de Alencar, que foi possível montar a exposição no shopping. A empresa é especializada em pesquisa e restauração de objetos antigos, que depois são disponibilizados para locação e exposição.

“Os objetos são fornecidos por pessoas que conhecem o trabalho do grupo e que nos contatam para mandar essas antiguidades. Eles recebem restauração e passam a fazer parte das exposições.”, contou Patrícia, que é também web designer e coodenadora de eventos da empresa.

A Lupa possui diversas atrações espalhadas em vários locais principalmente em São Paulo e também faz locações de objetos para cinema, televisão, teatro, agências e produtoras. Tudo ao redor da seguinte filosofia: “transmitir por meio dessas antiguidades valores que parecem estar se perdendo com a velocidade da substituição das tecnologias. Um brinquedo, por exemplo, passava por gerações, possuía uma estrutura que já era fabricada justamente para isso. Dos anos 90 para cá, tudo já é mais descartável.”, explica Patrícia.

O fascínio pelos anos 80

5 - Genius, famoso eletrônico dos anos 80

O visitante que passa por ali já tem um sentimento de reencontro com o próprio passado. Os olhos brilham. O sorriso vem de modo automático, acompanhado da sensação de espanto, já que ele tem a oportunidade de poder rever brinquedos, LP’s e outros objetos antes tão comuns, mas que se perderam com o tempo.

Segundo Patrícia, os anos 80 marcaram por ser uma década de muitas novidades tecnológicas e culturais. Houve também inovações na moda, principalmente com muita cor. Foi uma época em que o sentimento e a consciência política experimentaram uma nova fase de aquecimento, com o fim da ditadura militar e a restauração do regime democrático. Os brinquedos produzidos nessa época e até em épocas anteriores eram passados entre gerações.

6 - Fofoletes

É certo que falar dos anos 1980 para quem tem na faixa dos 25-40 anos e invocar uma série de lembranças, eternizadas por vários personagens, brinquedos, programas e discos. A exposição é inteligente ao abranger vários estilos e várias idades, já que, enquanto crianças brincavam de Atari, jogavam bola com Kichute, ouviam discos da Xuxa e assistiam novelas infantis como a mexicana Chispita, os jovens soltavam um urro abafado pelos anos da ditadura militar, através de bandas como Ira!, Legião Urbana, entre outras. Lá fora, Queen, A-há, Michael Jackson e outras bandas faziam história. O Rock in Rio 85 foi um marco na história brasileira. Patrícia afirma que não havia nada parecido no país. “Show de banda internacional no Brasil era quase que impensável. Aí veio o Rock In Rio e mudou isso. Poder ver pessoalmente aquelas bandas que sempre curtimos pela televisão foi uma sensação única”.

Muito se fala sobre a volta dos anos 80 como uma forma de contestar a revolução tecnológica cada vez mais acentuada nos nossos dias e que faz até mesmo jovens que não presenciaram o fervor cultural dos anos 80 se fascinarem ao ver a exposição. Luana, que era pequena na época, não pensa duas vezes quando se refere à década: “Eles [os anos 80] sempre estiveram presentes. Sempre algo daquela época é utilizado na moda, no cabelo, em acessórios como colares, saia de cintura fina, tudo isso está voltando. Hoje tudo é cópia.”

7 - Alguns LPs de bandas da época, como A-ha e New Order.

Enquanto isso, crianças observavam curiosas aqueles brinquedos com design tão consistente e que carregam muita história. Patrícia acredita que muito do que vemos hoje em termos de design de produtos tem origem nos anos 80. “Tem um menino que foi a exposição e observou um antigo minigame. Logo se identificou com o design, dizendo que parecia com um celular. Essa nova geração se identifica muito com o formato desses brinquedos.”

De volta aos anos 80 é um excelente entretenimento para toda a família, pois é uma forma dos pais passarem aos filhos um legado cultural marcante de toda uma geração, e que até hoje ainda é referência nos diversos campos artísticos e influencia aqueles que cresceram em anos posteriores.

8 - Luana Brito: paixão declarada pelos anos 80.

* A exposição infelizmente já terminou, mas, recomendo visitar o site da Lupa Expo e conhecer mais sobre esse trabalho bacana de preservação e locação de antiguidades. O endereço é o http://www.lupaexpo.com.br/ .

Uma boa Páscoa a todos!

Danilo Moreira

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FOTOS: 1, 5 e 6 - Lupa Expo (divulgação)
               2, 3, 7 e 8 - Danilo Moreira
               4 - foto extraída do site da Lupa Expo

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma Virada diferente

Pessoas curtem a Banda Paralela

Para quem mora ou está em São Paulo, a Virada Cultural paulistana já virou praticamente uma tradição. Para quem não sabe, é um grande evento que reúne diversas manifestações culturais por toda a cidade, especialmente no Centro, que atravessam 24h de um fim de semana a cada ano.

Mas, quando um individuo ouve falar em Virada, já imagina aqueles palcos enormes em vários pontos do Centro, tendo como principal atração os shows, muita muvuca, e outras coisas que não são o foco deste post. Mas, quando vejo notícias sobre este evento, sinto os holofotes da mídia direcionados até demais nessa região. É como se esquecessem por um momento que ela acontece em outros pontos da cidade. Fui na Virada em 2009 e 2010, ambas no Centro, em shows memoráveis. A de 2010, especialmente, foi a que vivi as situações mais inusitadas, além de ter pegado os horários e palcos de maior público.

Já neste ano, foi completamente diferente. Na edição 2011 eu tinha uma missão: fazer uma reportagem para um trabalho da faculdade. Confesso que pela primeira vez não senti entusiasmo ao ver as atrações em geral. As do Sesc então, nunca tinha parado antes para vê-las em detalhes. E tinha muitas coisas interessantes, e curiosas.

Obviamente, por ser mais perto de casa, escolhi o Interlagos. Nem me sentia tão animado para ir, mas, tinha que fazer esse trabalho. E pela primeira vez, ia sozinho. Cheguei lá por volta das 19h, e me surpreendi com o movimento e com as atrações. Enquanto de um lado, acontecia o show “Mágico por Acaso”, onde bonecos manipulados curiosamente faziam as mágicas, do outro, a dupla "Olam Ein Sof " tocava músicas da cultura celta em meio a um cenário de velas. Mais acima, o Sarau Cantos & Encontros tocava cantigas e contava histórias para uma roda de pessoas. Mais tarde, outra roda de curiosos curtia a “Banda Paralela” com suas roupas de soldadinho de chumbo. Chegaram a tocar “Dancing Days” de As Frenéticas, fazendo o público cantar alto e pirar nas palmas. Depois, “Solas de Vento”, um espetáculo na fachada do prédio da sede, onde bailarinos faziam performances acrobáticas com vários tipos de músicas ao fundo. Falando em música, perto da piscina, havia um palco montado para os shows que aconteceram por lá, com destaque para Zeca Baleiro, na qual infelizmente não pude acompanhar. E por fim, o recorte que havia escolhido para fazer a reportagem: a “Trilha das Artes”. Resumidamente, imagine um grupo de pessoas passeando pelas obras do Sesc, ao som de uma sanfona e de um rapaz que conseguiu despertar em todos os presentes – homens, mulheres, crianças e jovens – um olhar estético e que proporcionou ótimos momentos de “brisa”. Futuramente postarei esse trabalho, com detalhes sobre essa experiência incrível e única.

Mas, o que ficou dessa visita ao Sesc Interlagos foi uma sensação maravilhosa. Tive a impressão de estar naquelas festinhas de interior, onde as famílias passeiam em meio a várias atrações simultâneas, que têm como veia principal artistas muito criativos e que sabem que aquela noite é deles. E o público precisa fazer parte de toda aquela festa, sem exageros, apenas com a disposição de embarcar em tantas viagens. Sai de lá com a sensação de dever cumprido, um sorriso no rosto, fotografias, vídeos, e com a alma mais leve, afinal, nunca imaginei que numa Virada Cultural conseguiria se divertir com tamanha simplicidade.

Valeu a pena!

Sarau Cantos & Encontros

Tenha uma ótima semana!

Danilo Moreira

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FOTOS: Danilo Moreira (acervo pessoal)

domingo, 13 de março de 2011

Ponto News, Ponto Três Recomenda e Agenda Ponto Três


Olá!

Sempre aprendemos algo em nossas vidas. Mas, esse aprendizado só será mesmo efetivado quando o colocamos em prática.

E por isso, este estudante de Jornalismo que lhe fala anuncia, que a partir de agora, o Ponto Três entrará numa nova fase.

Um pacote de sessões passará aos poucos a fazer parte do conteúdo. Todos eles voltados para notícias e recomendações.

Segue as novas sessões:

Ponto News

Um punhado de noticias para mantê-lo bem informado. Aqui serão notas de manchetes extraídas dos principais sites do país, com link direto para eles caso deseje maior aprofundamento.

Ponto Três Recomenda

Indicações de livros, sites, exposições, peças de teatro, atrações da TV, etc.

Agenda Ponto Três

Principais eventos do mês, na música, no cinema, no teatro, etc.


Convém sempre lembrar que este é um blog de variedades, que cada vez mais oscilam entre textos literários e jornalísticos.

Vamos ver se dará certo. Conto com você leitor para opinar, apreciar, e criticar os conteúdos que virão daqui para frente. Não vou prometer datas para postagem, pois, a minha rotina anda passando por algumas transformações importantes, e por isso, não sei ainda como ficará. Mas, dentro disso tudo farei o possível para manter o blog atualizado, tanto nestas quanto nas seções mais antigas.

Tenha uma ótima semana!

Até mais!

Danilo Moreira

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FOTO: http://convictosoualienados.blogspot.com/2008/08/nova-semente.html

terça-feira, 8 de março de 2011

Homem é tudo bobo...


Enxugou os seus olhos. Estava chorando por causa do filme que tinham acabado de assistir, no cinema da cidade. Caminhando pela rua já à noite, Cleiton abraçava a esposa com toda a proteção e cuidado que um homem poderia oferecer a uma mulher. E ele ria dentro de si mesmo: “Como essas mulheres são frouxas”.

- Ai Cleiton, já pensou? Coitado daquele menino! Assassinado daquele jeito pelo padrasto! Ai, só de pensar que isso acontece tanto por ai eu até fico...

- Eu sei, amor. Mas ali é só filme. Você não precisa ficar assim. É tudo mentira.

- Ai eu sei, amor. Mas parece tão real... Dá dó do menino...

- Olha, que tal irmos tomar um sorvete, hein? Assim você relaxa, e esquece isso.

- Acho melhor não. Já está tarde, é melhor voltarmos para casa. Amanhã preciso acordar cedo. Deixemos para outro dia.

- Tem certeza?

- Absoluta. E até já me sinto melhor. O filme é ótimo, mas foi só aquela cena do menino que me deixou impressionada.

- Mas relaxa. Está tudo bem. Vamos então para casa.

Chegando lá, Irene foi direto para o banheiro tomar um banho. Cleiton foi para o quarto do casal, já arrumar a cama para dormirem.

Sentou-se na cama. Riu sozinho. Como mulher se impressionava fácil com as coisas! Se lembrou do velho clichê “mulher, sexo frágil”. Cleiton sabia que esse bordão, na verdade, era piada, mas em matéria de emoções, talvez, elas realmente fossem mais vulneráveis. Irene chorava em vários filmes. Já Cleiton, homem criado para não chorar, mantinha-se intacto. Em certos momentos, era difícil se manter assim, sem derrubar nenhuma lágrima, mesmo comovido por dentro. Querendo ou não, ele também tinha sentimentos, e estes, quando vem, não pedem licença, já aparecem de surpresa. Mesmo assim, Cleiton se sentia na obrigação de manter-se firme, principalmente ao lado da esposa, pois quando esta quisesse chorar, ele estaria lá, pronto para ampará-la, assim como seu pai fazia com a sua mãe.

- É... mulher gosta mesmo é de um homem para se sentir protegida. Que mal tinha ver uma cena de filme onde de uma criança, um ator-mirim, sendo espancada e morta pelo padrasto, que também é um simples ator? É só um filme de suspense, nada de mais! O garoto está por aí, vivo, famoso, ganhando dinheiro com o espanto e as lágrimas de mulheres como ela. E ela aqui, chorando por ele. Tudo bem que infelizmente essas mortes covardes acontecem...

E então, nesse momento, seu semblante mudou. Ficara sério. Do fundo de sua memória, uma história dos seus tempos de infância veio de repente bem na frente dos seus olhos, dominando, em poucos minutos, todo aquele quarto:

- ... Nossa, me lembro como se fosse hoje! Eu, criança, brincando com o Caio, meu grande amigo de infância. A gente empinando pipa até altas horas... Aquela voz grossa e bruta o chamando para entrar... Ele pálido, olhando pra mim e dizendo que não queria ir... Aquele braço grosso, peludo, aquele cheiro de cachaça, surgindo e arrancando ele da minha frente... Aqueles gritos... Aqueles socos... Aqueles chutes... Aquele mão apertando a garganta dele... Para quê fazer aquilo com o moleque, meu Deus? Ele era só uma criança... Uma criança que morreu de tanto apanhar... De tanto apanhar... E eu não pude fazer nada para ajudar o meu amigo! Velho desgraçado! Aquele brutamontes deveria ter sido pego de surra... Se eu fosse maior... Nem preso aquele filho-da-mãe foi... Pobre Caio! Tenho certeza que de onde quer que você esteja, deve estar olhando por mim. Ah, Caio...

Irene saiu do banho. Estava mais tranqüila. Riu sozinha do seu choro por causa de um simples filme de suspense. “Como eu sou besta”, pensava. Vestiu-se, pegou a toalha e foi para o quarto. Chegando lá, parou, e olhou para a cama do casal.

- O que foi, querido?

E Cleiton estava sentado no pé da cama, com o olhar distante, encolhido e com a cabeça nos joelhos, com lágrimas escorrendo dos olhos. Ao ver a esposa, virou a cabeça para o lado, se enxugou com o braço, e tentou disfarçar.

- Não foi nada. Só estou com muito sono.
Irene sorriu. Ela conhecia bem o marido que tinha. Sentou ao seu lado, pegou a sua cabeça, e delicadamente, o deitou em seu colo.

- Homem é tudo bobo. Tenta dar uma de durão, disfarçar que não está bem, mas quando uma mulher o ama, jamais consegue enganá-la... Me fala o que aconteceu, vai.

Ele sorriu. No que adiantava enganá-la? Saber quando um homem não está bem... Nisso, realmente, elas eram craques. Contou a dor que carregava dentro de si há tantos anos. Irene o ouviu, palavra por palavra, com os olhos bem atentos, acariciando o peito dele. Abraçou-o com toda a delicadeza e cuidado. Minutos depois, Cleiton já dormia confortavelmente em seu colo, tão frágil como uma criança, tão amado quanto um filho, e tão bobo quanto um homem.

Danilo Moreira
© 2011

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FOTO: http://plumuarte.blogspot.com/2011/01/quando-um-homem-chora.html

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ponto Três: 2 anos!!


É só para não passar em branco.

Ontem, dia 15/02, o Blog Ponto Três completou 2 anos de vida!

2010 foi um período que contou com poucos posts, até mesmo por causa da faculdade. Mesmo assim, surgiram novidades como os textos da sessão Antes de Depois (com artistas que fizeram sucesso no passado e como estão hoje), Ponto Retrô (um raio x de antigas atrações), além da série especial Pontos e Pontos, onde parceiros da blogosfera foram convidados a escrever a partir de um tema que começava com a palavra Ponto. E neste ano, em um post especial sobre o aniversário de São Paulo, foi publicado a primeira entrevista pingue-pongue (perguntas e respostas) feita exclusivamente para o blog, com amigos que contavam um pouco sobre suas visões sobre a capital paulista.

Bem, é isso. Fiz esse texto meio corrido no meio dessa minha rotina louca de facul-trabalho, mas, não podia deixar essa data passar em branco. Primeiramente, um muito obrigado aos parceiros da blogosfera, aos 58 seguidores, e a todos que sempre que podem vêm visitar este espaço cheio de textos que oscilam entre o amador e o profissional, que mas acima de tudo, mostram um autor que, por causa da vida acadêmica, está numa fase mais intensa de transformação, tanto nas observações da sociedade, quanto no seu próprio lado interior.

Para este ano, não vou prometer nada. Idéias vão surgindo, e sempre que puder, aparecerão por aqui. Talvez o layout passe por mudanças, e o conteúdo do blog oscile ainda mais entre o jornalístico e o literário, mas a sua essência, a de ser um ponto de encontro de idéias, continuará a mesma.

Tenha uma ótima semana.

Danilo Moreira

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FOTO: http://marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com/2010/07/sindrome-do-pre-aniversario.html
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