domingo, 6 de junho de 2010

A Vitrine

Pádua no Programa do Ratinho, em 08-04-2010


É cada coisa que a gente encontra por aí...

Ao abrir a página da Folha Online no dia 02 de junho, me deparei com esta notícia.

“Beijaria os pés dela, deixaria ela me bater, diz Guilherme de Pádua sobre Glória Perez”

Condenado pelo assassinato de Daniella Perez, filha da escritora e novelista Glória Perez, desde 1992, Guilherme de Pádua está em liberdade desde 1999 e se converteu à Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte (MG). Recentemente, no dia 08 de abril, Pádua apareceu no Programa do Ratinho (SBT), se recusando a dar detalhes do crime por afirmar ter sido ameaçado via Twitter por Gloria Perez, e mostrando claramente a intenção de limpar sua imagem perante toda a sociedade demonstrando ser agora um homem arrependido e muito religioso. Essa declaração não passa de mais um capitulo dessa história.

É complicado quando alguém que comete um crime bárbaro como esse, ainda mais de grande repercussão como foi (ainda mais se tratando de um ator Global, na época), tentar agora passar a imagem de regenerado, soltando frases carregadas de religiosidade, arrependimentos e prostração moral. A religião, aliás, é ao meu ver o meio mais utilizado para essa tentativa de regeneração.

Conheço casos de pessoas que eram alcoólatras, drogadas, bandidos, assassinos, e que realmente encontraram um sentido na vida através da religião e, normalmente aliado à ela, projetos sociais. Mas quando esse individuo vem parar na mídia e começa a dar declarações desse tipo, a coisa muda de figura.

Noticias do quilate do caso Suzanne Richtoffen, a Menina Isabella, Madeleine, Eloá, O Maníaco do Parque, entre outros, são casos que mexem com o imaginário popular. Já parou para se perguntar por que noticias desse tipo são veiculadas á exaustão, perdurando por dias e mais dias?

Simplesmente, o que chama atenção nessas noticias são os fatos em si, mas sim quem são os culpados, os vilões, e como eles serão punidos. Se o culpado é uma incógnita, aí sim é que haverá assunto. Ou a imprensa já aponta um culpado (mesmo que erroneamente, como o caso da brasileira Paula Oliveira, em quem fevereiro de 2009 afirmou ter sido espancada por neonazistas na Suíça, o que depois foi comprovadamente desmentido), ou trazem especialistas em suas revistas eletrônicas para apontar os culpados. Depois do julgamento, que se torna um evento quase como de ultimo capítulo de novela, passam-se os anos, e alguém desenterra o assunto no sentido de “enfim, a justiça aconteceu? Como ele está hoje?”.

O caso de Guilherme de Pádua faz parte desse processo. Ele é o principal culpado. Já foi julgado e condenado. Já está em liberdade. Agora, está querendo mostrar que se arrependeu, querendo ter uma vida normal. Ora, nunca uma pessoa como ele poderá ter a mesma vida de antes, não enquanto seu nome continuar aparecendo na mídia com a vitrine de um arrependimento, mas sempre com sombra de um crime. Não adianta, mesmo demonstrando um possível arrependimento, sempre que vermos seu rosto logo nos remeteremos ao crime (que aliás, a mídia mesmo faz questão de lembrar), à dor da mãe da vitima, e a todo o histórico de comoção e revolta que esse fato causou a toda a sociedade.

Por isso, e digo não só no caso dele, mas em todos os casos onde criminosos (não só de crimes bárbaros, mas também por corrupção, estelionato, etc.) aparecem na mídia querendo se defender, precisa-se observar e analisar com atenção não só o próprio autor do discurso, mas também todo o contexto que está por trás, sejam intenções dele, sejam intenções da própria mídia que o veicula.

Danilo Moreira


Hoje postei em dois blogs, o meu e o da minha sala de jornalismo, com um uma discussão interessante sobre vagões nos metrôs exclusivos para mulheres. Para saber mais, clique aqui.

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FONTE:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/743868-beijaria-os-pes-dela-deixaria-ela-me-bater-diz-guilherme-de-padua-sobre-gloria-perez.shtml

FOTO:
http://files.gospelnaldo.webnode.com.br/200000801-083c60936c/Ratinho-Guilherme.jpg

Um comentário:

Marcelo A. disse...

Eu não sei do quanto você recorda do assassinato da Daniela Perez, Danilo - visto que você é mais novo que eu -, mas eu, que já entrava na adolescência na época, ainda tenho os acontecimentos bem frescos na memória. O crime de Guilherme de Pádua foi brutal, isso é público e notório. Ele pagou a sua dívida com a Justiça? Sim, pagou. Mas até onde a Justiça cumpriu o seu papel, são outros quinhentos. Em quanto tempo o cara saiu da cadeia? Agora taí, em público, com o papo de se ajoelhar e pedir perdão. Já é demais, né? Pra mãe da mulher que ele matou cruelmente, é pedir muito. Sei que a imprensa é livre, mas o Ratinho presta um deserviço quando fica dando espaço pra esse cara. Uma coisa é informar. Ele, enquanto jornalista - nem sei se o Ratinho realmente é jornalista - está no seu direito. Mas querer causar sensação em cima dessa história já ficou uó...

Cara, você faz muita falta lá no "Diz"... apareça!

=)

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