domingo, 20 de setembro de 2009

O Gosto do Rancor


Quem já provou o gosto do veneno do rancor
Sabe que seu gosto é tão ruim
Que cuspirá na cara do causador

Mesmo que ele seja seu espelho
E acabe voltando para dentro de você.



Danilo Moreira


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domingo, 13 de setembro de 2009

Uma Corda no meu Caminho


Nunca tinha reparado naquele caminho.

Marcelinho achou estranho. Estava cheia de árvores em volta. Parecia a entrada de um parque. Resolveu chegar mais perto para ver melhor. Havia uma corda na entrada. Estava fechando a passagem. Pelo jeito, não era para entrar ali.

Ficou curioso para saber o que havia além daquela corda.

Olhou para os lados. Não tinha ninguém à vista. Se passasse por cima ou por baixo, não haveria problema algum. Optou por passar por baixo.

Agachou-se. Deu mais uma conferida para ver se não havia ninguém por perto. Com cuidado para não se machucar nas pedras, foi se arrastando para debaixo da corda grossa.

Mas, de repente, sentiu algo estranho dentro de si. Voltou. Olhou bem a corda grossa que fechava a entrada de um lado a outro. Por que aquela corda estava ali?

Marcelinho se sentiu incomodado, como se aquela corda fosse um daqueles meninos folgados da escola a lhe peitar. Um desaforo. Aquela corda encarnara-se num desaforo aos seus olhos. Tinha curiosidade em saber o que havia lá dentro, e aquela corda era o empecilho, o obstáculo. Um obstáculo que teria que ser tirado.

Resolveu então forçá-la com seus braços. Tudo bem que para um garoto de dez anos soltar aquela corda com a simples força dos braços poderia ser algo quase impossível, mas o garoto acreditava na sua força ainda em crescimento. E empurrou. A corda estava presa em duas toras de ferro fincadas no chão. Marcelinho começou a pôr mãos força, à medida que a corda ia sendo prensada para frente.

E nisso, ficou, no mesmo estado.

Marcelinho parou. Cansaço. Não foi uma boa idéia. Olhou para as mãos. Estavam vermelhas de marcadas pela força que havia usado.

E então, cheio de ego, encarou novamente a corda. Teve a idéia de tentar rompe-la com os pés. Com o pé direto, forçou a corda. Da mesma forma que na primeira tentativa, a corda prensou-se para frente.

E a corda ficou no mesmo estado.

Começou a chutá-la, na esperança de com a sua força e velocidade unidas, a corda por fim seria rompida. Não deu certo.

Teve outra idéia. Já que a corda era forte no meio, e se ele fosse nas pontas tentar desamarrá-la? E foi o que ele fez. Na ponta direita, tentou desamarrar o os nós que estavam ali fincados na tora. E estava duro. O cara que havia feito aquilo devia ser um brutamontes com muita força nos braços. E com as unhas, o garoto tentou desamarrar os nós. Não conseguiu. Foi para o lado esquerdo. Também não conseguiu.

Eram nós muito bem feitos.

E então, Marcelinho, cansado, resolveu por um momento sentar no chão para tomar fôlego. Percebeu que com as mãos não conseguiria romper aquela maldita corda. Precisava de uma ferramenta. Teve uma idéia. Foi até em casa, e escondido dos pais, pegou uma faca de cozinha. Voltou até o local da corda. Sem pensar duas vezes, começou a cortá-la. E forçou, forçou, forçou... aos seus olhos nem o primeiro fio havia sido cortado. Aquela corda era forte mesmo.

O sangue subiu à sua cabeça. Não era possível que mesmo depois de tantos esforços, não conseguiria tirar aquela corda do seu caminho.

E, num ataque de fúria, tentou novamente cortá-la, dessa vez esfregando a faca com toda força que podia. Tanta força que ela acabou escorregando, indo parar diretamente no seu dedo. Olhou sua mão. Por sorte, fora apenas um pequeno corte. Chupou o sangue. Virou-se para a corda, e com todo o ódio do mundo, xingou-a com vários palavrões. Descontrolou-se, e começou a chutá-la. Numa dessas, escorregou e caiu sentado no chão. Bufou. Não tinha jeito. Aquela corda ficaria naquele lugar, e não sairia da sua frente.

Marcelinho sentiu-se frustrado consigo mesmo, um incapaz, um nada. As únicas coisas que conseguiu foram um machucado no dedo, e um tombo. Mais nada. Ego ferido.

E de repente, do outro lado da rua, eis que surge Manoel, amigo de Marcelinho, um dos garotos mais bobos e mais zombados da escola.

- Nossa, o que é isso? – surpreendeu-se o garoto ao ver aquele caminho misterioso. –

Vamos lá, cara! O que você tá fazendo aí parado no chão feito um bobo?

E assobiando, passou tranqüilamente por debaixo da corda, coisa de apenas um segundo.

Marcelinho olhou aquela cena, e ficou pasmo. Por um momento, o objetivo de cortar a corda, de tirá-la do seu caminho, o regou tanto que ele se esqueceu de que simplesmente, era só passar por baixo dela. E o problema estaria resolvido.

Era, simplesmente, culpa do seu ego.

Danilo Moreira


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domingo, 6 de setembro de 2009

2.4


Ontem foi meu aniversário.


Abri os olhos e logo me toquei de como o tempo havia passado. Lembrei-me de alguns presentes que eu havia ganhado, e alguns deles já tinham mais de 10, como um Master System 3, que felizmente ainda funciona, e um minigame que ganhei quando tinha 7 anos...


Me lembrei também de certas coisas que ocorreram desde meu niver passado até hoje. Estava me sentindo estranho naquele dia. Pressentimento? Talvez. Dias depois vieram fases difíceis, a ponto de me fazer encerrar até mesmo o meu antigo blog, já que até com ele eu não estava mais me dando bem. Dores, perdas, problemas sérios na família, gente se que foi de uma hora pra outra, são coisas que vieram para fazer o ser humano ficar mais forte, mesmo que com traumas e dores constantes. A dor da perda foi e continua sendo muito forte, já que perdi certas pessoas queridas, algumas de maneira que até hoje não consigo aceitar, ainda que entenda. Vi amizades vindo e indo embora. Pessoas que faziam parte de mim mas que hoje apenas fazem parte da minha história. Me senti tão estagnado que no começo desse ano resolvi virar o jogo e me renovar. Resultado: estou fazendo faculdade, voltei com um novo blog, resolvi correr atrás dos meus sonhos, ganhei novos amigos, crieo novos valores, novos conceitos, aprendi a ter novas visões, me sinto de braços mais abertos para coisas novas. Me sinto de fato aprendendo coisas novas.


Ainda continuo nostálgico, pois acredito que o ser humano é sempre feito de passado, cujo presente acaba sendo usado para montar as bases do futuro. Desejo o futuro. Quero o futuro. Essa talvez é a melhor diferença que senti. Foi um período em que muitas vezes ainda ponho a cabeça no travesseiro e ainda sonho com certas passagens que, poderia dizer assim, me marcaram mais, porém, me sinto mais motivado e receptivo, e penso que mesmo ainda não aceitando todas as coisas que aconteceram a mim e a pessoas que eu amo, foi para o meu bem, e talvez, para o bem delas.

Hoje me senti um pouco mais retraído, com vontade de ficar em casa, mais reflexivo, apesar de ter saído á tarde. Mas diferente do ano passado, me sinto mais tranqüilo, um pouco mais em paz comigo mesmo. Ás vezes até essa coisa de ficar mais reflexivo enjoa. Não quero dessa vez pensar tanto em mim como eu era, como eu sou, como eu serei, etc, apenas quero agradecer por ter chegado até aqui, com as pessoas que gosto, com a cabeça que tenho, e com esse desejo renovado de sempre buscar coisas novas.



Danilo Moreira

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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A última vez que eu disse "por favor" e "obrigado"

O Ponto Três está de volta (e a minha internet também...uhuuu!!!rsrs). Aprecie, refleita, e divirta-se com o texto abaixo, tema de um trabalho que eu fiz na faculdade. Boa leitura!


Veja só como as coisas são engraçadas.


Estava eu caminhando pela rua, quando de repente de meu um estalo. Resolvi passar numa banca e comprar um jornal. Escolhi o primeiro que tinha visto.


Como ainda faltava muito para iniciar o meu expediente, sentei num banco de uma praça que ficava em frente ao meu trabalho.


Abri o jornal, lendo as notícias em destaque.


Mas, ao virar para a página 12, me deparei com um anúncio curioso. Era um concurso de uma famosa loja de eletrodomésticos, cujo prêmio seria um pacote de viagens pela Europa. Bastava responder a uma simples pergunta: “Qual foi a última vez que você disse por favor e obrigado?”. A melhor história ganharia o prêmio.


“A última vez que eu disse por favor e obrigado?”


Curioso, no mínimo. Fazer as pessoas refletirem sobre a sua educação. Eu particularmente recebi educação de casa, onde meus pais praticamente me mandavam usar estas palavras com os olhos mirando a mim quase como metralhadoras prontas a atirar na primeira reação subversiva minha.


Fui crescendo, e não sei, parece que com o passar da “era dos olhos paternos”, passou também o meu bom senso, e houve até momentos em que eu me recusava a pronunciá-las, algo como “se aquilo fosse algo a atrapalhar o meu tempo, já tão escasso”.


Última vez... última vez no ônibus? Não me lembro de ter dito um port favor ao pedir informações ao motorista e nem obrigado ao descer do ônibus. Não falei mesmo? Não... não falei. Puxa, o homem tinha sido tão cortes comigo... Bem, já foi.


Deixe-me ver... ontem no trabalho havia pedido um favor para um garoto estagiário deixar alguns papéis na mesa do diretor. Falei “por favor”? Hum... não. Só falei “Põe esse papéis na mesa do diretor pra mim.” E ele obedeceu, com um simpático “Claro”. E depois... ele voltou e eu disse... ah tá, “colocou os papéis lá na mesa, do jeito que eu te falei?”. E ele respondeu que sim. Não me lembro de ter dito mais nada depois disso... Nossa, não disse nem um obrigado? Aquele garoto sempre faz o que eu “peço”! Faz numa boa, às vezes com uma satisfação explícita nos olhos... É, estou precisando mesmo daqueles olhos paternos a me metralharem de novo, nessas horas.


Última vez... última vez... Meu Deus, não era possível que eu não tienha dito nem para alguém de lá de casa. Não, lá é que eu não costumo pedir mesmo. Parece que a gente perde essa educação básica com quem se tem mais intimidade... E nem na banca de jornal, quando fui comprá-lo? Não... também não tinha falado... isso estava me angustiando, não era possível que eu tenha me tornado este sujeito tão mal educado... Não, não, eu precisava fazer alguma coisa...


- Ei, você!


- Eu?


- Sim, você! Por favor, que horas são?


- Eh... são sete e cinqüenta e quatro.


- Obrigado.


Ahhhh... Não, eu ainda não havia deixado de ser civilizado! Ainda sabia ser educado, pelo menos, quando eu queria.


Nesse dia, inexplicavelmente, fui trabalhar com uma paz interior que há muito não sentia. E só por causa desse gesto... tão simples...


Não é à toa que sempre dizem: educação faz a diferença... nem que seja apenas dentro de nós mesmos.


Danilo Moreira



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FOTO: www.storage.msn.com/ (Parandhan)

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